Miguel

04 de novembro de 2011, 3h 14min da manhã
Para: Aquele que se foi e deixou amor.

Hey Miguel,

O que andas fazendo? Não sei muito bem porquê diabos me pus a escrever-te à essa hora, só sei que, ao sentar-me naquela velha poltrona vermelha, com uma xícara de chá na mão e uma insônia que anda me acompanhando todas as noites, senti que era o certo a se fazer com o meu coração, uma vez que o mesmo anda se sufocando com as palavras que estou prestes a dizer...

Ah Miguel, tenho me martirizado demais desde a tua partida. Ando me agarrando a qualquer pedaço, qualquer lance, que me dê uma lembrança, que me faça recordar a gente. Seja aquela tua blusa xadrez, com o teu perfume inconfundível, ou aquela nossa música, Miguel. November Rain está tocando agora, e veja a ironia, menino: Hoje é novembro, e está chovendo... Você se lembra, meu amor? Ou não significa tanto para você como significa para mim?

Nesses últimos meses dancei com homens e homens. Mas nenhum deles sabia como segurar minha mão, ou o jeito que tu seguravas minha cintura, tamborilando levemente os dedos, para cima e para baixo, no ritmo da música, dependendo dela. Volta, Miguel, mas volta agora, e dessa vez te acorrentarei de tal maneira à mim, que não conseguirás entrar naquele avião. Não dessa vez... Não se depender de mim...

Você me deixou sangrando, morrendo. E sequer se importou de um último “eu te amo” dizer. Porque, Miguel? Porque? Tenho me perguntado demais, mas nunca encontro uma resposta apropriada para meu coração.

Amor, nesse exato momento me dei conta de que a garoa lá fora aumentou, poderia até chamar de tempestade. E nessa imensa casa, eu sozinha, me sinto frágil, ouvindo a algazarra que a chuva faz no nosso telhado. E com esse frio, querido, só desejava te ter aqui... Você saberia me esquentar. Posso te contar como idealizo? Simples e profundo...

Você descendo as escadas, passo a passo, nessa madeira que range ao teus pés. Chega por trás, tira o cabelo de meus ombros e beija suavemente minha nuca. E me surpreende ao me chamar de “minha” com essa tua voz grossa e rouca. Levanto-me, te olhando nos olhos e, apesar da escuridão, vejo amor, paixão, fogo e desejo, chamejando nos teus. E não estou imaginando, pois o beijo a seguir define tudo isso. Com tua respiração ofegante, teu hálito doce de cereja acaba me dominando. Enquanto beijas meu pescoço, desliza levemente minha camisola de seda por meu corpo. Faríamos amor, Miguel. É o que idealizo para nós em uma noite de chuva em novembro...

A saudade de tuas mãos fortes e poderosas me caçando na cama, está me invadindo agora, e não posso evitar as lágrimas. Eu sinto tua falta, anjo. Mais do que eu queria, aquela saudade que dói e que me consome. Estou exausta de ter de ficar olhando para o relógio todo o tempo, imaginando que alguma hora tu irás abrir aquela porta e me pegar nos braços. Não acontecerá. Jamais, não é?

Talvez tenhas encontrado outro alguém. Ou não. Talvez não lembres mais de mim. Ou sim. Não sei, Miguel. Ultimamente andas sendo minha maior incógnita, meu maior mistério e maior segredo. Não conto de ti para ninguém, por medo, talvez.

Tenho vontade de saber se ainda me amas como eu sei que me amavas. Na verdade eu temo a resposta, porque só alguém que deixara de amar, faria o que tu fizeste. Sabia que tenho agido como uma criança? Choro por horas e horas. Não tenho vontade de comer. Prefiro dormir à sair com meus amigos, ou coisa parecida.

Eu te amo, Miguel, como nunca, jamais, em toda a minha vida amei alguém. Estou certa de que assim será até meu último suspiro. Não importa se você não voltar, meu amor. Meu sentimento continuará o mesmo... Fica bem, por mim.


Com amor,
Aquela que não esquecerá.

(Thainá Seabra)

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