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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Camille

11 de novembro de 2011, 01:17 AM Para: A menina da rua das flores. Querida Camille, Começo esta humilde carta com as mãos trêmulas e pernas bambas. Desculpe-me a caligrafia é que mal me concentro nas palavras que estão saindo, apenas consigo imaginar-te lendo o que me ponho a escrever-te aqui. Faz frio de norte a sul no Japão, e eu me encontro em um velho hotel há dias, esperando uma resposta do vento ou um sussurro do oceano. Esta velha cidade não está me fazendo bem, pois só me faz pensar em ti, amor. E o pior, me relembrar a todo segundo, que leva anos para decorrer, da pior disparate que já fiz: Abandonar-te. Chame-me de criança, Camille, me xingue de asno e fale coisas grosseiras para mim. Grite aos quatro cantos que sou um ser humano abissal, que não faz jus a teu amor. Eu mereço... E aguento essa cruz calado, à beira de um lago todas as noites, atirando pedras e vendo-as afundar, assim como minh'alma. Recebi sua carta, querida, e chorei ao lê-la. Por quê? Gostaria d

Miguel

04 de novembro de 2011, 3h 14min da manhã Para: Aquele que se foi e deixou amor. Hey Miguel, O que andas fazendo? Não sei muito bem porquê diabos me pus a escrever-te à essa hora, só sei que, ao sentar-me naquela velha poltrona vermelha, com uma xícara de chá na mão e uma insônia que anda me acompanhando todas as noites, senti que era o certo a se fazer com o meu coração, uma vez que o mesmo anda se sufocando com as palavras que estou prestes a dizer... Ah Miguel, tenho me martirizado demais desde a tua partida. Ando me agarrando a qualquer pedaço, qualquer lance, que me dê uma lembrança, que me faça recordar a gente. Seja aquela tua blusa xadrez, com o teu perfume inconfundível, ou aquela nossa música, Miguel. November Rain está tocando agora, e veja a ironia, menino: Hoje é novembro, e está chovendo... Você se lembra, meu amor? Ou não significa tanto para você como significa para mim? Nesses últimos meses dancei com homens e homens. Mas nenhum deles sabia como segurar minha

Saudade: Com dor, com M ou sem casa?

Conheci um menino. Não faz tanto tempo assim, talvez um ou dois séculos, mas não ligo tanto para a conferência das horas. Ele é desigual. Um desigual quase anormal. Um anormal que quase o deixa natural. Se o amor existe, posso dizer que cheguei junto dele com Mauricio, com Ricardo e até Joaquim. Mas com esse pequeno fui mais além. Eu tenho um porém dentro de outro porém. Como assim as casas amarelas passaram a ter todas as cores possíveis? No meu mundo, o homem que bolou de suprimir o padrão teria a cabeça em uma bandeja de prata. Porém gosto do nosso novo lugar, apenas do lugar, não das pessoas. Colorido, cheio de vida, é bom... Porém ele me deixa meio assim, como estou. Minha época de criança é quase um borrão, apesar de dizerem que cresci na noite de ontem. Porquê? Eu poderia ter sido criança na barriga de mamãe, nascido um tanto menina, aos 5 anos normais ser uma adulta cheia de dores de cabeça e meu eu agora (sem meu amor) ser uma velha idosa que apenas sabe reclamar de como o

Até Logo

É mais difícil dizer adeus do que se imagina... Sinto que perdi demais em apenas dois anos. Perdi a noção do tempo, da glória, da distância, do apego. Perdi pessoas, perdi fotos, momentos, cartas, fantasias. Me perdi... Não sei a que ponto cheguei, mas cheguei no ponto. A ponto de não suportar ter de ver o que ninguém vê. Você em todos os lugares... “Por te falar eu te assustarei e te perderei? Mas se eu não falar, eu me perderei. E por me perder, eu te perderia” Nem um alguém sabe, mas em 3 dias tudo estará afundado. Eu e você, nós, conversas, sorrisos, olhares. Aquele beijo não dado que fica se repetindo em minha cabeça e me imagino sendo internada como louca por não te ter aqui... Mas não é como se fosse uma vida inteira, é bem mais que isso. Nesses encontros e desencontros que a vida nos ajustou, jamais atravessaria por mim a ideia de não me deparar com aquele largo sorriso aguardando por mim nas madrugadas de domingo. Ah meu amor, a vida passou a ser bem mais difícil quan

De Julieta sem Romeu à janela do meu quarto

Chamei-te de cruento há setecentos anos para ver se conseguia ver fúria em teus olhos, mas tudo o que os traduzia era leveza, calma. Um amor, se me permite denominar assim, sem encanto a olhos nus de bandoleiros sem bravura. Contigo fui uma brisa de maio, um suicídio, um canto desafinado, uma viajem sem rumo. Contigo fui mais que uma virgem em perigo, eu fui a fera que se lançou à chama, fui o esgotamento de uma majestade, uma enfermidade sem cura. Poderia até ser uma árvore desgastada para lembrar-me a última carta à mão que escrevi. Sei que haverá uma badalada em que meus dedos enfastiar-se-ão de estarem dispostos a qualquer hora do dia para alegrar-te com um novo caminho de termos, versos e palavras. E você aceitará, em silêncio como sempre. O que me aborrece. Sua eterna fleuma, apronto a receber uma adaga no coração nas palmas de uma plateia invisível que assiste nossa fuga de camarote (...) “Pegue pincel e uma bandeja de aquarela. Pinta meu ser, meu corpo e meu eu, delicadame