As Cartas Que Nunca Entreguei

Ser tola transformou - se em pose.

Quantas e quantas vezes me peguei escrevendo para o nada. Recitando poesias à uma gota d'água que insiste em inundar minha casa. Dizendo eu te amos ao vento para ver se ele me respondia.

Para Miguel me gastei duas vezes, em resposta e a procura dele foram milhões. Mabel parei na metade e Caio nunca chegou a ser escrita. E quisera eu nem colocar uma chamada para no futuro poder entregar a qualquer um, tirar um sorriso...

Fui estúpida de dar início e mais tola ainda de não ter parado. Cartas que guardo embaixo da cama para depois fazer um ninho de rato. Cartas nas quais me embolo para produzir uma história que nunca aconteceu. Cartas e mais cartas sem endereços, sem remetentes e sem pontos finais.

Continuo dançando em meio de papeis floridos, papeis amarelados, papeis gastados de cafés, com cheiro de morango, com desenhos d’alma. Me prendi à pessoas que gostaria que existissem, que tivessem seu final feliz. Porque eu não tenho história e as faço com um pobre cabo de aço. Rindo de tanta dor, ó Céus.

E minha vontade de pinchar as últimas páginas de um livro que mal comecei atinge a data, no começo da carta. Minha primeira vez como uma verdadeira maníaca.

“Tomas cuidado, um dia ficas louca.”

Até parece que tenho medo de escuro...

Um sorriso meu à todos que nunca receberam as cartas que escrevi. E que eles morram esperando, mas nunca saberam meus desejos escondidos nas entrelinhas de um papel que eu joguei no mar...

Thainá Seabra

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