Thanga Thanga que toca sempre

Sabe o começo daquela música? Quando as pedras são os atores principais, e então eles mostram a destruição em cores... Ela me banha, a música. Porque ele me matou em silêncio com aquela mesma pedra. Não era mais o mesmo, ainda não é. As conversas foram jogadas rio afora. Desceu, desceu demais...

Ele me deixou pensar, mas me deixou pensar sozinha. Pensei na vida, pensei na morte, pensei em meus últimos casos enrolados, pensei no amor e na falta dele. Percebi que eu estava só. Por partes: Havia o grupo mais distante, que não era mais meu. O grupo mais perto, que ainda não era meu. E o grupo debaixo do meu teto, que não conseguia me entender. Percebi que eu estava só...

Se eu voltasse atrás, os princípios de que valeriam? O demônio matar-me-ia com um olhar? A dor, que a cabeça leva, aumentaria? Eu sinto falta agora, eu não vou deixar pra depois. Que há de tirar um tantinho da dor, guardar em um pote para sentir só mais tarde da noite. Não! Abri os olhos ainda a pouco, como um bebê que descobre a vida. Eu chorei, como o pobre. Eu choro, agora.

Tudo parece igual, eu pareço a mesma, não? Não. É triste como o amor (se realmente é amor) se perde em meio a multidões.

Eu coloquei os papeis sobre a mesa. A mesa quebrou. Eu quebrei. Eu estou quebrada... E eu sinto falta de tudo. Eu quero Junho cá, que tudo termine. Ele não me quer mais... Algum dia quis? Quando ele me pôs a pensar, eu lembrei do passado. O que não devia, claro. Mas a culpa nunca foi minha...

A mesma música tocará no dia em que eu falecer. E ela toca todos os dias, no mesmo horário, no mesmo rádio, no mesmo canal. Quem poderá dizer que eu não morrerei de desgosto amanhã? Ou que morrerei de solidão nesta madrugada? A música toca, não posso pará-la. É o destino, ora essa. Destino nunca existiu, porque ele nunca me quis, e eu percebi que eu estava só...

Thainá Seabra

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