Carta Inacabada - 3

Camille,

(...) mas como posso eu dizer que te amo, sem te amedrontar? Eu estou tentando te dizer a verdade... Mas este teu jeito, de despontar encanto e desvanecer-se logo após, me intruja. Eu sou um lobo de brinquedo em tuas mãos, sei que me deixas na chuva vez ou outra, onde cabe um sempre. Aqui estou para ser salvo, fiz de novo... Pus minha vida em chamas e te conferi o cuidado com ela.

Temo dizer que poções foram feitas dentro e fora de mim em lugares escuros, acredite. E enquanto eu gritava pela ajuda de outras forças para ganhar teu amor, tu pescavas meus brados no ar. Sim, eu chorei junto com a noite, e contei quantas lágrimas caíram... Apenas para manter meu pensamento ocupado.

Calei o canto rotineiro de alma inerme, pois não queria que meu anjo mais belo se tornasse um caso fracassado, já que eles falaram tanto sobre um jeito certo de amar... Eu de pronto me pus entre todos os obstáculos possíveis para fugir à regra. Ah meu bem, eu te amo tão erradamente. É que eu te amo agora, e tão somente agora. Meus esforços não chegam aos pés do sol, porque não quero tribulações. Eu sou bem covarde.

Miguel, teu lobo fraco e asqueroso

Thainá Seabra

Postagens mais visitadas deste blog

Ontem de noite, na Terra

Só escreve quem sente

De Julieta sem Romeu à janela do meu quarto