Carta Inacabada - 2

Camille,

(...) eu tentei te pôr entre as linhas dos meus versos e te transformar em palavras todos os dias, desde que deitei meus olhos em teu sorriso morno. E cada olhar que me proporcionavas impetrava ser encaixado em uma poesia. E o som da tua voz, junto aos teus pequenos detalhes, puxava-me para um mar de doces termos que nunca se permitiam abrandar para que eu sossegasse meus dedos com uma dose inteira de ti.

Hoje foi diferente, meu amor. Eu me sufoquei com o teu silêncio, experimentei o gosto amargo que a falta da tua teimosia e arrogância, invadindo a minha monotonia, me trouxe. Então, só me restou confidenciar ao mundo a untuosidade de tua ausência que empata toda essa vida minha. E culpo, tão somente, a mim as conversas com o nada existirem. Falha minha ter gravado teu rosto tão afundo em minha mente. De lá você não sai.

Miguel, teu lobo sofredor

Thainá Seabra

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